O personagem principal, David Ullman, é um
professor de literatura especializado no clássico de John Milton, Paraíso
Perdido. Quão familiar você era com esse texto antes de começar a escrever O
Demonologista? Como usou o poema para ajudá-lo a moldar a trama e os
acontecimentos em seu romance?
Andrew Pyper: Eu tinha lido Paraíso Perdido como estudante na
universidade, mas me lembrava pouco dele. Não, não é verdade: eu me recordava
de poucos detalhes, mas carregava comigo os argumentos persuasivos e o dilema
lastimável de seu discutível e ambíguo protagonista, Satã. Nos trechos em que
ele é o narrador, achei o poema fascinante, quase perigoso em seu encanto. Mas
quando o demônio não está presente, recordo-me de sentir que ele era um pouco
difícil. Naquela época, eu teria concordado com a opinião do dr. Johnson, de
que “ninguém o desejou mais longo”.
Vinte anos depois, sou um romancista. (Também
sou pai; isso ganha certa relevância em determinado momento.) Por vezes, estava
refletindo sobre um caminho para criar um novo tipo de mitologia demoníaca em
uma obra de ficção, uma sem padres, exorcismos, água benta escaldante ou as
armadilhas costumeiras das histórias de “possessão”. Queria imaginar uma
narrativa que fizesse os demônios parecerem bem fundamentados e reais – uma
explicação plausível do por que algumas pessoas, por algum tempo, agem de
maneira irracional. Para alcançar isso, a relação entre os personagens humanos
e demoníacos na história teria que ser ao mesmo tempo misteriosa e coerente
fantástica e crível. Foi ao desenvolver o que poderia ser utilizado como o
fundamento para esse universo que me lembrei de Paraíso Perdido. De novo, não
foi tanto o poema ou como eu pensava nele, mas um sentimento com o qual ele me
deixou, a vitalidade de seu anti-herói, seu sofrimento, sua fúria velada e
terrível solidão. Em resumo, ele foi um personagem que imaginei primeiro. Uma
conexão emocional, e não um monstro.
David é um estudioso da demonologia, mas é um
cético determinado em sua vida pessoal. O quanto de você está ali neste
personagem?
Andrew Pyper: Como em todos os meus protagonistas, há um boa parte
de mim em David Ullman, embora haja partes mais numerosas as quais eu não tenho
nada em comum com ele. Eu e David somos ambos pais, leitores e devoradores de
livros. E sim, também não somos religiosos de alguma maneira significativa. Mas
se eu deixo uma porta entreaberta em minha mente para o impossível, o
inexplicável e o misterioso, David é (no começo do romance, ao menos) um ateu
completamente comprometido, um racionalista, o tipo de homem que vê a fé como
uma prática intelectual inferior. Nessa questão, entre outras – a diversão do
pensamento sem limites –, não poderíamos ser mais diferentes.
Outra característica que você compartilha com
David é a paternidade. Como foi escrever um romance sobre um pai tentando resgatar
sua filha não apenas da morte, mas possivelmente de um destino pior que a
morte?
Andrew Pyper: Pode soar estranho dizer que eu chorei com frequência
enquanto escrevia um thriller sobre demônios, mas ao trabalhar em O
Demonologista isso aconteceu bastante, emoções a flor da pele, muitas delas me
surpreendendo com sua crueza e ferocidade. A primeira entre elas é o amor que
tenho pelos meus filhos, e por Tess ser uma menina, pensei muito em minha
própria filha, Maude. Nunca uma dedicatória foi mais merecida, pois eu não
teria encontrado um rumo para essa história – nem para David, ou mesmo para o
sofrimento particular do Inominável – sem ela. Eu sabia que para fazer o
romance funcionar em um nível emocional, tinha que imaginar a situação que mais
temo. Para fazer o leitor ter medo, eu tenho que sentir medo. E eu senti com
frequência. Tudo isso fez de mim um pai melhor, pode acreditar.
O Demonologista é um thriller excelente à sua
própria maneira, mas ele também adentra o gênero do terror. Como escritor, o
que acha que funciona para os momentos mais assustadores? Como você insere uma
reviravolta em um thriller realista para dar a ele as qualidades que as pessoas
buscam em um romance de terror?
Andrew Pyper: O terror, para mim, não é definido por aquilo que
provoca o medo em alguém, mas pelo ser humano que tem contato com aquilo. Adoro
histórias assustadoras e filmes de terror, embora, em minha opinião, eles
possam também falhar com frequência em ser experiências estéticas completamente
bem-sucedidas, pois a ênfase está no monstro, no fantasma, no vampiro, em vez
de no por quê o misterioso escolheu visitar um personagem em particular, como
ele experimentou aquilo, os rumos que alteraram através dessa rachadura em suas
vidinhas mais ou menos normais.
Qual o livro mais assustador que você já leu?
Andrew Pyper: Não há um único vencedor aqui, apenas uma pequena lista de influências profundas. Lembro-me que minha mãe me proibiu de ler O Iluminado, de Stephen King, quando eu já estava na metade do livro. Isso me deixou tão nervoso e atormentado por pesadelos e geralmente aborrecido por ter que viver com isso (embora eu naturalmente tenha ignorado minha mãe). Mais tarde, A Outra Volta do Parafuso, de Henry James, mostrou-me o quão delicioso poderia ser, como leitor, caminhar pelo fio da navalha entre a crença em fantasmas (ou o que quer que seja a coisa misteriosa) em uma história como algo “real”, ou as projeções psicológicas do personagem. Tempos depois, A Face at the Window, de Dennis McFarland, provou – como se precisasse ser provado – que um romance literário de qualidade e o horror não são apenas compatíveis, mas potencialmente melhores juntos que qualquer outro subgênero.
Andrew Pyper: Não há um único vencedor aqui, apenas uma pequena lista de influências profundas. Lembro-me que minha mãe me proibiu de ler O Iluminado, de Stephen King, quando eu já estava na metade do livro. Isso me deixou tão nervoso e atormentado por pesadelos e geralmente aborrecido por ter que viver com isso (embora eu naturalmente tenha ignorado minha mãe). Mais tarde, A Outra Volta do Parafuso, de Henry James, mostrou-me o quão delicioso poderia ser, como leitor, caminhar pelo fio da navalha entre a crença em fantasmas (ou o que quer que seja a coisa misteriosa) em uma história como algo “real”, ou as projeções psicológicas do personagem. Tempos depois, A Face at the Window, de Dennis McFarland, provou – como se precisasse ser provado – que um romance literário de qualidade e o horror não são apenas compatíveis, mas potencialmente melhores juntos que qualquer outro subgênero.
Por fim, de qualquer forma, eu volto à infância.
Para uma semana que passei em um acampamento de verão cristão (não diga), lendo
a Bíblia em minha barraca enquanto me escondia dos valentões que diziam, desde
a hora em que saí do ônibus, que “Até o final da semana... você vai estar
morto”. Foi lá que encontrei o Apocalipse. Ele me assombra desde então.
A escrita de O Demonologista mudou alguma das
suas crenças em relação ao sobrenatural?
Andrew Pyper: Sim. E prefiro deixar as coisas como estão.
Andrew Pyper (1968) é o premiado autor de seis romances, entre eles Lost Girls (1999), vencedor do Arthur Ellis Award, selecionado pelo New York Times como um dos livros do ano, e best-seller nas listas do New York Times e do Times (Inglaterra). Seu livro The Killing Circle (2008) foi eleito o melhor romance policial do ano pelo New York Times. Três romances de Pyper, incluindo O Demonologista, estão sendo adaptados para o cinema. E ainda assim, seus livros continuavam inéditos em nosso país. Claro que tinha que ser a DarkSide® Books para trazer esse mestre moderno do terror e suspense para o Brasil. Saiba mais em andrewpyper.com.
“É impossível
ignorar os demônios que têm uma presença tangível nesta história, mas o prazer
mais profundo do romance vem da análise que o protagonista Ullman aplica a
esses horrores [...] Que venham os demônios.”
The
New York Times Book Review
“A história mais
convincente e assustadora que você vai encontrar este ano. O Demonologista
mostra um escritor extremamente talentoso, produzindo um romance com uma
misteriosa ameaça e profundidade. Aqueles de nós que escrevem histórias
sobrenaturais não mencionam os nomes de Ira Levin, William Peter Blatty e Peter
Straub em vão. Você vai ouvir todos os três associados a Pyper, e todas essas
comparações são honestas, o maior elogio que posso oferecer.”
Michael
Koryta, autor de The Prophet
“Uma história de
horror incrivelmente lapidada, inteligente e tocante [...] Há uma elegância
narrativa e um domínio a respeito do que o mal pode significar.”
Daily
Mail (Reino Unido)
“Muitos livros
afirmam ser assustadores, mas este é realmente aterrorizante, do tipo
nãoleia-tarde-da-noite. Emocionante, convincente e muito bem escrito, O
Demonologista faz O Bebê de Rosemary parecer um passeio no parque.”
S.J.
Watson, autor do best-seller Before I Go to Sleep
“Muito bem
elaborado, delirantemente assustador e uma leitura compulsiva do começo ao fim.
Imagine O Exorcista e O Código Da Vinci escrito por Daphne du Maurier. Não
perca de jeito nenhum!”
Jeffery
Deaver, autor do best-seller O Colecionador de Ossos
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