Resenha | Os 13 Porquês - Jay Asher

"Espero que vocês estejam prontos, porque vou contar aqui a história da minha vida. Mas especificamente, por que ela chegou ao fim. E, se estiver escutando estas fitas, você é um dos motivos."

Não faz muito tempo eu escrevi um texto sobre suicídio, que você pode ler aqui, e que eu o escrevi porque não aguentei escutar pessoas falando sobre isso com tanta propriedade sem mesmo enxergarem a imagem completa.

Já havia lido Os 13 Porquês ano passado, mas ainda não tinha o Coração de Leitora pra falar sobre ele, então decidi que o leria novamente para resenhá-lo pra vocês, afinal, ele é um dos poucos livros que deveria ser lido por todos.

"Acho que é a questão central. Ninguém sabe ao certo o quanto impacto tem na vida dos outros."

O livro conta com duas narrativas, a de Clay Jensen e a de Hannah Baker. Podemos dizer que Clay é a nossa ponte até o coração de Hannah, porque é através dele que podemos escutar as fitas, e além disso se nos dedicarmos a leitura por inteiro podemos sentir a dor dele, e o desespero dela.

Hannah Baker cometeu suicídio, e duas semanas depois Clay recebe uma caixa de sapatos na sua casa contendo sete fitas cassetes, nelas estão gravados os 13 porquês do suicídio. Durante as gravações Hannah pede que as pessoas que estão escutando peguem um mapa que ela entregou de alguma forma a cada um. Nesse mapa exstem estrelas, e sempre que ela quer que você vá à algum lugar ela diz até que estrela você deve seguir. Clay tenta ir até todas.

"Se eu esquecesse as coisas de ver em quando, todos nós estaríamos um pouco mais felizes"

Começamos a caminhar pela cidade com Clay, escutando e entendendo os motivos de Hannah. Mas antes de qualquer coisa lembrem-se de enxergar toda a imagem. No começo o motivo pode parecer bobo, mas como a própria Hannah fala, é uma bola de neve emocional.

O fato é que Hannah é uma adolescente, que acaba de chegar em sua nova escola, e que fantasia com seu primeiro beijo da forma mais inocente possível, e que é realmente algo bem inocente. Mas os comentários que começam a surgir sobre a menina nova não são sobre um beijo inocente, é sobre algo bem maior que isso.

"Porque era exatamente isso que eu queria. Que as pessoas confiassem em mim, apesar de qualquer coisa que tivessem ouvido. E, mais do que isso, queria que me conhecessem. Não aquilo que pensavam saber a meu respeito. Mas eu de verdade."

O quão patética pode ser uma garota que usa um primeiro beijo como justificativa para um suicídio? Lembram da imagem como um todo que pedi pra vocês enxergarem? Depois do primeiro boato que foi espalhado sobre ela Hannah começou a ser tratada como aquilo que falavam sobre ela. E isso aconteceu até o ponto de não restar mais nada ao que se apegar, chegou ao ponto de que a esperança já a havia abandonado.

Jay Asher nos deu uma história para refletir sobre nossas atitudes. Depois que você termina a leitura o coração fica apertado, e você começa a pensar que precisa ser alguém melhor, e a pensar se de alguma forma você afetou a vida de alguém como Hannah.

Os 13 porquês hoje é um livro obrigatório em algumas escolas, e eu achei isso fantástico. Pra muitos a história pode parecer exagerada, ou até mesmo fantasiosa. E pra quem acha isso eu só preciso perguntar uma coisa. Quais atos de maldade você esconde e finge que não existe porque ninguém nunca chegou e falou em voz alta? Lembre-se de que o ato continua tendo a mesma importância, mesmo que você finja que ele nunca aconteceu.

"Como se estivesse dirigindo por uma estrada acidentada e perdendo o controle do volante, sendo jogada – só um pouquinho – para fora da pista. As rodas levantam poeira, mas você consegue puxar o carro de volta. Mesmo assim, não importa que esteja segurando bem firme no volante, não importa o quanto esteja se esforçando para tentar guiar em linha reta, algo fica empurrando você para o lado. Você já não tem quase mais nenhum controle sobre nada. E, a certa altura, a luta se torna excessiva demais – e você considera a possibilidade de largar tudo. De deixar acontecer uma tragédia... ou seja lá o que for."

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