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Angel's Journal | Deserto


A solidão havia tomado todas as minha emoções, minha companhia se tornou a areia que abrigava meu corpo e o vento que se apiedava de minha alma e vinha acariciar meu rosto nos dias mais quentes. Aquele deserto era a materialização do que se passava dentro de mim, e agora eu morava nele.

Muitos dias se passara até que durante um momento de fraqueza, onde eu queria que tudo apenas acabasse, a voz dela surgiu em minha mente. Ela não pedia pra eu ser forte ou para me manter de pé enquanto eu estivesse ali, ela apenas sussurrou baixinho em meu ouvido "Eu estou aqui".

No mesmo momento lágrimas que já haviam banhado meu rosto inúmeras vezes desde que fui deixada ali, começaram a deslizar pelo rosto, e um pequeno sorriso se formou no rosto, mas a dor de sorrir impediu que eu o mantivesse em meu rosto.

Naquela noite ao fechar os olhos sonhei com aquele abraço, com as palavras que sempre me traziam paz quando eu corria em meio a um furacão. Eu sabia que aquilo não era real, não poderia ser, mas de alguma forma meu coração decidira que era hora de relembrar tais momentos.

Ao amanhecer eu caminhei pelo infinito do deserto que me acolheu, mas minha mente e meu coração repousavam em um pequeno sofá que ficava de frente a lareira. Fui muito feliz naquele lugar, eu lembrava. Foram os momentos onde o sorriso morava em meu rosto, e a felicidade era o sinônimo de vida pra mim.

Músicas começaram a surgir em minha mente e quando senti minha garganta vibrar em meio aquelas palavras eu percebi que era possível voltar, e novamente eu escutei "Eu estou aqui". Meus joelhos cederam, e as lágrimas vieram com mais força dessa vez, fazendo meu corpo vibrar enquanto eu sentia toda a dor se esvaindo. Tudo que deixava meu corpo fraco foi levado pelas lágrimas e carregado pelo vento.

Abri meus olhos, e todas aquelas luzes me deixaram confusa por um tempo, quando enfim pude olhar para o lado eu vi que aquela voz realmente estava ali, o tempo todo me lembrando de que nunca sairia do meu lado, e permaneceria ali mesmo que eu gritasse pra ela ir embora.

O sorriso dessa vez não machucou meu rosto, na verdade ele havia encontrado o lugar onde realmente pertencia. Enquanto os lábios daquela voz repousavam em minha testa, e as lágrimas que lavavam meu rosto não eram mais minhas.

O deserto deixou de ser minha morada e o aconchego daqueles braços me lembraram que nunca estive sozinha. As músicas começaram a soar mais alto, as cores retornaram aos meus olhos, e a felicidade aos poucos pediu licença para retomar o seu lugar em minha vida.

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